Os Soen chegam-nos da Suécia rotulados de supergrupo, principalmente porque dos seus membros originais constam 2 nomes pesados da cena metal, Martin Lopez (ex Opeth e Amon Amarth) e Steve Di Giorgio (ex Death, Testament e Sadus).
Originalmente formados em 2004, só em 2010 anunciam o
seu lineup onde aos 2 acima referidos se juntam o vocalista Joel Ekelöf e o
guitarrista Kim Platbarzdis.
A sua sonoridade sempre foi definida como Metal
Progressivo, mas é muito mais que isso, nas palavras do próprio Martin Lopez,
Soen é melódico, pesado, intrincado e diferente de tudo o resto.
A estreia em disco chega-nos em Fevereiro de 2012 com Cognitive, um álbum que podia muito bem
ser encaixado na discografia de Tool, aliás numa altura em que Tool estava em
hiato, este disco ajudou a preencher esse vazio. Ekelöf apresenta um registo
vocal extremamente colado ao de Maynard James Keenan, e até no groove do disco
se sente a presença da “instituição-Tool”.
Destacamos as faixas “Savia” ou "Fraccions".
Em Novembro de 2011 chega-nos Tellurian, o segundo álbum da carreira, um pouco mais progressivo
que o anterior, com melodias fortes e um groove mais intuitivo.
É um disco muito mais orgânico também, onde as canções
parecem com mais espaço para respirar, onde parecem ganhar mais vida própria e
caminham sozinhas cada vez para mais longe da herança de Tool.
É também o primeiro disco com um novo baixista, Stefan
Stenberg, que veio trazer á secção rítmica mais consistência e uma maior
ligação com a guitarra de Platbarzdis.
Tellurian é também um disco mais
emotivo, destacamos as faixas “Tabula Rasa”, “Kuraman” e “The Words” onde
podemos ver toda a evolução na voz de Ekelöf.
No ano de 2017 chega Lykaia, aquele que é para mim o melhor disco de Soen e um dos
discos da minha vida, desculpem esta pincelada mais pessoal.
Ao terceiro disco chegam as mudanças na formação, ao
novo baixista Stefan Stenberg, que tinha entrado no disco anterior, juntam-se
agora Lars Ahlund nas teclas e Marcus Jidell na guitarra, que trouxe a este
disco um cunho muito forte, e uma sonoridade muito característica.
Lykaia é um álbum quase conceptual,
é sobre a viagem mística dos jovens rapazes até a idade adulta, é a ideia
mágica de um antigo festival realizado no Monte Lykaion, que envolvia dar carne
humana a estes jovens, para que eles se tornassem lobisomens. É esta metáfora
da passagem da infância para a idade adulta, com todas as suas feridas e dores
de crescimento, que norteia o disco.
Em termos sonoros, este disco trás uma emotividade e
profundidade á banda que ate aqui não tínhamos visto, há aqui uma alma nova nas
letras mas mais até na sonoridade. A guitarra de Jidell tás uma assinatura ao
som da banda que até aqui não havia, trás um pouco do “felling- zeppelin”,
aquele registo místico, com influências do médio oriente, que também podemos
sentir na percussão.
Os Soen já passaram várias vezes por Portugal, mas
nenhuma noite será mais especial que aquela vivida no RCA a 21 de Outubro de
2017. Foi nesta noite que a banda sueca nos visitou, e nos presenteou com um
concerto memorável, que nem a banda nem os presentes (eu incluído) já mais vai
esquecer. A qualidade técnica dos executantes, a energia do público, a
emotividade das cancões…não é por acaso que na reedição do álbum aparecem duas
faixas gravadas neste concerto. Foi uma noite para não mais esquecer.
Lykaia está cheio de belas canções,
mas pessoalmente destaco “Jinn” e “Lucidity”, faixas onde podemos ouvir toda a
mestria dos suecos.
O último lançamento da banda data de Fevereiro de 2019
e chama-se Lotus.
Aqui já não temos a guitarra de Jidell, para o seu
lugar entra Cody Ford e, a meu ver, perdeu-se algo no som da banda.
Lotus é uma dissertação sobre a
sociedade moderna, sempre com uma visão poética, mas sem esquecer o lado
caótico dos tempos em que vivemos.
É um disco com uma profunda dimensão pessoal, mas de
um ponto de vista universal. Aqui encontramos muita complexidade, peso e como
não podia deixar de ser, emoção, algo a que os Soen já nos habituaram. A
luminosidade negra da voz de Ekelöf, que nos enche de esperança e de sombras ao
mesmo tempo, a máquina afinada de Lopez e os solos espirituosos de Ford, o “new
guy”, são os traços deste disco.
As faixas a ter mais atenção, a meu ver, são “Lascivious”,
“Martyrs” ou a faixa titulo “Lotus”.
Soen já é uma certeza no Metal Progressivo, com um lado ate mais alternativo, aguardamos pelos novos sons saídos desta máquina sueca de emoção e técnica, soma que por vezes falta a algumas bandas do género.
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